20 de julho de 2011

O técnico esportivo: modelo para coachee




O Esporte é reconhecido como o maior fenômeno social do século XX. Tem influenciado direta e indiretamente a vida de muitas pessoas no mundo todo. O esporte alcança seu verdadeiro sentido quando está integralmente inserido no contexto da vida de seus praticantes, servindo como um lugar de aprendizados para toda a vida. Devido a esta característica, os técnicos esportivos tem sido tomados como exemplos de liderança em virtude de resultados alcançados com grupos esportivos e do estilo de comando que constroem ao longo de sua carreira como “coaches”. Em um estudo realizado em 2005 com oito técnicos de seleções nacionais, verificou-se que os técnicos do esporte profissional tratam no ambiente esportivo de problemas que são comuns ao cidadão que assiste a seus jogos pela televisão. Enfoque à visão que se tem do atleta profissional, de seu caráter heróico ou mesmo de ser perfeito. O técnico esportivo necessita ter a disposição vários recursos e habilidades para tratar com os problemas que surgem em seu ambiente de atividades. O estudo deixa evidente que o grupo de técnicos demonstra algumas características relevantes para ter sucesso nos seus projetos. 

O que podemos aprender com esses técnicos? Quais estratégias ou princípios podem dar mais consistência ao processo de desenvolvimento de habilidades de seus comandados? 

Estudos e atividades dentro do esporte levam à construção da imagem de um técnico que possa agregar todos os conhecimentos necessários ao exercício de sua função e que tenha consigo recursos, princípios e a visão que estes técnicos demonstraram possuir. No processo de desenvolvimento de competências e habilidades para o sucesso, eles ensinam que o técnico esportivo:
  • Acredita no poder transformador e evolutivo do processo de treinamento;
  • Têm uma meta a ser atingida, sabe onde quer chegar;
  • Tem estratégias para resolver os problemas, mais do que uma solução definitiva para tudo;
  • Resolve com os atletas e a comissão técnica os problemas que são do grupo. Busca soluções e não culpados;
  • Valoriza o conjunto de informações das várias disciplinas científicas para elaborar estratégias, ou seja, faz do treinamento um processo sujeito a adaptações constantes, é flexível;
  • Busca tornar as relações do ambiente de trabalho produtivas e construtivas, investe em relações que têm como resultado a harmonia do grupo de trabalho;
  • Têm como base estrutural de sua prática a premissa de que o Esporte educa para toda a vida;
  • Estimula o desempenho individual para compor a coletividade, ou seja, trabalha com dois focos que a primeira vista parecem antônimos, mas na verdade são sinérgicos;
  • Os objetivos do técnico, do atleta e do sistema combinam;
  • É hábil para se comunicar e se fazer entender, é eloqüente, explica suas idéias com clareza e explica para as pessoas o processo que as levará ao desempenho máximo;
  • Estimula o desenvolvimento do potencial de competências, ao invés de impor e exigir o cumprimento de tarefas;
  • Sabe que o treinamento existe para a pessoa esportista e não a pessoa esportista para o treinamento;
  • Tem consciência de que é o líder do processo e traça estratégias para que a liderança leve o grupo a atingir os resultados desejados;
  • Acredita que um dos valores mais importantes nas relações que estabelece com seu grupo de trabalho, atletas, membros da comissão técnica e outros é a confiança, em significado de “fiar com”. É tecer o mesmo tecido, estar em sinergia para construir algo junto, em relação mútua que tem a base de outro valor, o respeito; um reconhece e valida o que o outro faz.
Dentro do campo organizacional, qual a síntese que esses aprendizados trazem? O que podemos transferir para o cotidiano extra-campo esportivo? Fica a constatação de que os gestores de pessoas, como os técnicos esportivos, precisam ter um conjunto de competências para dirigir processos de desenvolvimento pessoal. Só o conhecimento empírico do contexto de trabalho ou de uma modalidade profissional não basta. Esses treinadores de sucesso são pedagogicamente qualificados para tal e demonstram que o treinamento esportivo é um processo de relacionamentos, como é o processo de gestão de pessoas.

O significado humano e educativo do esporte, que muitos julgavam não existir, torna-se claro e perceptível quando cada elemento que participa de seu contexto avança nas suas capacidades e habilidades, transcendendo o físico, o lógico e o previsível. O papel do “Coach”, treinador ou técnico, atinge a dimensão de influenciar profundamente comportamentos, atitudes, princípios e valores das pessoas com quem trabalham. Na linha do tempo que o técnico esportivo ou o “Coach” percorre, o presente recorre ao passado para reconhecer e enxergar a evolução visionária que novas abordagens trazem para os processos de desenvolvimento pessoal. Que tal agora começar o exercício do futuro?

Hermes Balbino

Nenhum comentário:

Postar um comentário